(Trabalho apresentado no V Encontro de
Formação de Professores – edição internacional e VI Fórum Permanente de
Inovação Educacional, 2012, Unit: SE)
Título: PRÓ-DOCÊNCIA PARA EJA
(PIBIX 2011 – 2012): DADOS PRELIMINARES
Profa.
Dra. Maria Josefa de Menezes Almeida(*)
Giselma
Machado(**)
Resumo
Este texto apresenta a proposta
do primeiro projeto institucional para o desenvolvimento da competência docente
para atuar junto ao público discente da modalidade educativa da Educação de
Jovens e Adultos da Universidade Federal de Sergipe. Ação promovida pelo Grupo
de pesquisa CNPq – Saberes Escolares e Práticas Pedagógicas para EJA-
Seppeja/UFS através do PIBIX/UFS (2011-2012). Sua concepção e realização,
inseridas no contexto da inovação pedagógica, consideram a orientação
interdisciplinar e intercultural, a partir do desenvolvimento prioritário da
prática da leitura e da escrita por todos os componentes curriculares, na
aplicação do Curso: Aprofundando saberes na EJA.
Abstract
This article presents the proposal of the first
institutional project for the development of teaching skills to work with the
public educational modality’s student of Youth and Adult Education, of the
Federal University of Sergipe, sponsored by CNPq Research Group - Knowledge
School and Teaching Practices for Adult Education - Seppeja / UFS by PIBIX/UFS
(2011 – 2012). Its conception and construction, into the context of educational
innovation, consider the interdisciplinary and intercultural orientation, from
the priority development of the practice of reading and writing curriculum for
all components in the application of the Course: Deepening knowledge in adult
education.
Palavras-chave:
Pró-docência; Formação Docente; Educação de Jovens e Adultos.
Introdução
Pensar a oferta de educação de
jovens e adultos (EJA) implica o compromisso de profissionais capazes de atuar
na elaboração de estratégias de ensino que facilitem o desenvolvimento de
competências e de habilidades necessárias ao mundo e à realidade sócio-política
dos alunos da EJA. Na atualidade, em face de tal contexto, é premente e
necessária a oferta de cursos de formação inicial e continuada para professores
que lidam ou lidarão com esse nível de ensino, uma vez que o trabalho com
alunos da EJA exige mudanças significativas de foco na intervenção pedagógica e
na metodologia de ensino e, principalmente, na concepção de educação, inclusão
social e de cidadania (ALMEIDA, 2012).
Por esta razão, O Grupo de Pesquisa:
Saberes Escolares e Práticas Pedagógicas para Educação de Jovens e Adultos (Seppeja/UFS),
criado no âmbito do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe (Codap/UFS),
ciente de seu papel na promoção da reflexão sobre a atuação profissional na
modalidade EJA, promove a realização de um conjunto de ações a contribuir com o
referido tema. Processo inicial desenvolvido em Sergipe para contemplar a necessária
Formação Docente para a Educação de Jovens e Adultos através do Projeto: Pró-docência
para a EJA. Atendendo ao edital lançado pela PROEX/UFS, submete a proposta
desta realização para desenvolver a extensão universitária vinculada ao ensino
e à pesquisa, em consonância com o tripé da ação universitária: ensino-pesquisa
e extensão, atividade aprovada e financiada com recursos do PIBIX – 2011-2012,
através da consecução de um bolsista.
I-
Fundamentação Teórica
Neste início de século, estamos
vivendo as perplexidades, os desafios e as incertezas que o acompanham. De um
lado, as novas tecnologias revolucionando os meios de comunicações, difundindo
a informação e interferindo no mercado de trabalho, com novas exigências para
ingresso no mesmo; de outro, índices significantes de analfabetismo e pouca
escolaridade que atinge grande parte da população. Haddad (2002), afirma que grande
parte dos excluídos do sistema formal de ensino acaba por se deparar com a
necessidade de realizar sua escolaridade enquanto adolescentes ou adultos, entretanto,
na maioria das vezes, este ensino se distancia do olhar deste público-alvo,
promovendo e ofertando a estes um processo de ensino inadequado.
Embora seja papel da Educação de
jovens e adultos (EJA) a tentativa de contemplar aqueles que não tiveram
oportunidade educacional em idade comum à escolarização da educação básica, ou
que a tiveram de forma insuficiente segundo a Constituição brasileira (BRASIL,
1996) e Lei de Diretrizes e bases para a Educação brasileira (BRASIL, 1998) e
Diretrizes Curriculares para a EJA (BRASIL, 2000). É neste contexto que se encontram
as mais variadas formas de preconceito e exclusão social, registradas inclusive
pela inexistência de processo de formação docente específica para atender
adequadamente a esta modalidade educativa e seu respectivo público estudantil
(ALMEIDA, 2012).
É inconteste que a aparência de
legitimidade das desigualdades sociais está presente na modalidade de EJA tanto
na legislação que a normatiza quanto na cultura escolar. A LDB garante a
“oferta de educação escolar para jovens e adultos, com suposta característica e
modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades”, no entanto
também se questiona: “Garante aos que forem trabalhadores as condições de acesso
e permanência na escola” (BRASIL, 1996, Art. 4º, VII). O certo é que não
legitima a diversidade desses, como grupos sociais na sociedade que devem ser
tratados com respeito, dignidade, equidade e justiça social (Di PIERRO, 2001)
Por isso, faz-se condição “sine qua
non” investir em iniciativas de formação docente que possam contribuir para
enriquecer, dinamizar e incrementar o trabalho docente na EJA preparando o seu
profissional para entender e utilizar no processo ensino-aprendizagem a se
desencadear, as percepções dos alunos, seus saberes, suas culturas como
elemento constitutivo desta ação a fim se estabelecer para este uma educação
cuja concepção possa expressar-se como um fazer ao longo da vida, um processo
contínuo de formação, de qualificação para a vida a considerar a necessária
intersetorialidade na sua execução (UNESCO, 2010).
Assenta-se ainda, a referida
propositura no aporte da Pedagogia Intercultural (AGUADO, 2003, p. 103) que
orienta a ação educativa a constituir-se como prática pedagógica capaz de
desenvolver a competência intercultural:
“A Pedagogia
Intercultural situa as variáveis culturais no centro de toda reflexão sobre a
educação. Assume um enfoque diferencial que questiona visões restritivas e
marginalizantes para a definição de grupos e indivíduos em função de suas
características culturais. Se propõe ajudar a “desconstruir” as visões
fundamentalistas da identidade da cultura, a lutar contra a percepção
etnocêntrica do outro que leva a encerrá-lo numa representação de caricatura”.
Já Almeida (2012),
sugere que a formação para a EJA pode favorecer a existência de um elo
significativo entre os interlocutores em sala de aula através da prática da leitura,
a promover um movimento contracorrente em relação ao que se estabelece como
hegemonia cultural na EJA, a exemplo da supremacia atribuída à variante linguística
padrão. Porque, no processo crescente de exclusão social, existem os
mais afetados, os "outros", os diferentes, os que não dominam os
códigos do senso comum, do elemento cultural dominante em sociedades
ocidentais. Estes não têm acesso ao processo de globalização em suas dimensões,
situam-se e representam expressões culturais que necessitam resistir á
competitividade e consumo como valores fundamentais da vida. Assim como,
pertencendo a etnias historicamente subjugadas e silenciadas, necessitam se preparar
para questionar estereótipos presentes na sociedade e lutar diariamente pelos
direitos humanos básicos que lhe são negados (MACHADO, 2007).
É por um olhar voltado para estes,
que se defende uma ação educativa a refletir estas e outras questões sociais a
partir das práticas de leitura e escrita – determinantes para a inserção no
contexto de luta por igualdade e justiça social.
A recomendação para que haja adequada formação do profissional a empreender
esta ação educativa está determinada pelo papel sócio-político desta atuação.
Realidade que se define como um sujeito-professor da EJA que se encontrará com
um sujeito-aluno da EJA cujas identidades não são reconhecidas. A ausência de uma
formação específica para este educador, assim como a falta de uma organização
curricular pensada particularmente para a educação desta modalidade educativa a
contemplar as aspirações do seu público-alvo tornam-se cada vez mais explícitas
e necessárias.
Ainda que não seja uma questão
propriamente nova, somente nas últimas décadas, ela tem se identificado como um
problema do contexto educacional brasileiro, ganhando uma dimensão mais ampla.
Esse novo patamar no qual esta discussão se coloca, encontra-se intimamente
relacionado com a configuração atual do que se define para a Educação de Jovens
e Adultos e, por conseguinte, para a sua reorganização curricular a partir do
desenvolvimento da competência intercultural (ALMEIDA, 2012) epistemologicamente
definida como uma competência transversal ou:
Aqueles
conhecimentos, habilidades e atitudes que permitem diagnosticar os aspectos
pessoais e as demandas geradas pela diversidade cultural. Permitem negociar,
comunicar-se e trabalhar em equipes interculturais e fazer frente às
incidências que surgem mediante a auto-aprendizagem intercultural e a resolução
de problemas que considerem as outras culturas.
(ANEAS,
2003, apud. ALMEIDA, 2012).
Na ampliação
desse conceito, sob o enfoque holístico, chega-se à qualificação intercultural a
qual se agrega o sentido de uma competência, ou preparo para a interação com a
alteridade em espaços socioculturais a exemplo da escola. A partir desta visão humanista, identifica-se uma
construção epistemológica para o referido termo no sentido de incluí-lo no
exercício de tarefas básicas como a reflexão sobre as condições que lhe são oferecidas
para executar as suas tarefas profissionais, bem como sobre os processos de
interação e expressão cultural a se desenvolver em sala de aula. Não é
simplesmente uma questão de competência ou eficiência pessoal, mas neste bojo
de significação, se incluem também os atributos do contexto social e
organizativo da atividade profissional sendo exatamente neste último elemento,
onde se origina a competência intercultural (ANEAS, 2003, apud. ALMEIDA, 2012).
Assim, acredita-se que participar
deste projeto propiciará ao aluno de graduação estabelecer uma relação entre
texto e contexto, contribuindo para a sua formação como um leitor crítico que poderá
redundar futuramente na sua autonomia pedagógica conforme Freire (2010). Em
outras palavras, pretende-se, com tal ação contribuir para se construa nos
espaços escolares envolvidos práticas sociais de letramento, considerando o que
discorre Lerner (2002).
Assim, este Projeto, ao tempo em que
amplia o atendimento á demanda por formação do docente em exercício nesta
modalidade educativa, também amplia o atendimento ao público jovem e adulto
sergipano, não inserido no contexto escolar, através da sua participação no
Curso: Aprofundando saberes na EJA, concebido pedagogicamente sob a orientação
dos paradigmas da interdisciplinaridade segundo Santomé (1998) e da Pedagogia
Intercultural segundo Aguado (2003) em desenvolvimento desde agosto de 2011. Caracterizando-se
também como objeto de pesquisa acadêmica em torno do respectivo tema, bem como
da iniciação à docência a realizar-se por alunos procedentes de seus vários
cursos de graduação da UFS e profissionais visitantes da comunidade em geral
que se apresentaram como estagiários voluntários nesta construção pedagógica.
Pretende-se, por conseguinte, contribuir
para que se estabeleça um novo perfil curricular para a EJA no estado de
Sergipe capaz de se refletir no êxito escolar dos seus alunos e, por
conseguinte, em nova dimensão social para aqueles que são assistidos pelo
processo de escolarização da EJA no estado de Sergipe, estado do Nordeste onde
ainda se registram os maiores índices de analfabetismo total do país segundo o
IBGE (2010). Ao tempo em que, em consonância com as atuais políticas públicas,
em especial as políticas sociais a envolver os estudantes de graduação com a
formação para a docência, amplia-se o número destes com a formação docente
específica para a EJA, através da participação nesta ação de extensão
comunitária, a se desencadear em parceria com o ensino e a pesquisa em torno do
referido tema. Também, participar de um projeto de extensão universitária tendo
acesso a este aporte teórico possibilitará significativo impacto na formação
deste estudante, quer seja no seu aspecto técnico-científico, bem como pessoal
e social através da tutoria recebida para o início do seu exercício
profissional e produção científica. Espera-se também gerar produtos diversos a
respeito do tema em questão através de respectivas publicações a se expressarem
em forma de monografias, dissertações, teses, abertura de novas linhas de
extensão, ensino e pesquisa nesta instituição.
Por isso, assumiu-se como objetivo
central: Fomentar o intercâmbio entre graduandos da UFS através da partilha de
saberes para construção de nova concepção para Educação de Jovens e Adultos
(EJA) a fim de se refletirem em um novo perfil curricular e pedagógico para
esta modalidade educativa e qualidade da educação conferida àqueles que a buscam
dentro do contexto da Educação Básica, promovendo a sistemática formação
inicial e continuada dos públicos envolvidos. Ao tempo em que, particularmente,
pretende:
·
Analisar os impactos
advindos deste processo de formação docente para a EJA entre seus participantes.
·
Aplicar e avaliar
metodologias diferenciadas para a EJA dentro da UFS através do seu laboratório
pedagógico, Codap/UFS.
·
Incentivar a prática da
investigação acerca da aprendizagem na EJA, analisando a relação entre práticas
inovadoras, educação para a diversidade, justiça social e funções sociais da EJA
em Sergipe.
·
Apresentar nova opção
metodológica e curricular para a EJA através de novo material didático para a
aplicabilidade desta perspectiva
II – Aspectos Metodológicos
Através deste projeto, pretende-se
concretizar duas ações simultâneas:
a) formação
de professores específica para a EJA – inserção em espaços escolares por
graduandos das diversas licenciaturas da UFS, bem como de voluntários da
comunidade em geral interessados nesta iniciação no exercício profissional
docente, bem como do acompanhamento pedagógico (formação inicial e continuada a
partir das perspectivas pedagógica da interdisciplinaridade e
interculturalidade) ao tempo em que
desenvolve esta ação docente;
b) promoção
da ação do letramento e da continuidade da escolarização de vários grupos
sociais expostos a vicissitudes humanas e sociais identificadas como situações
de risco que residem no entorno da UFS e ainda não possuem a escolarização em
nível fundamental. Preocupação sócio-educacional com o número significativo de
jovens e adultos ainda sem a mínima escolaridade residente em Sergipe.
Execuções simultâneas e
interdependentes a se desenvolverem no Codap/UFS através da oferta do Curso:
Aprofundando Saberes na EJA. Além da construção cognitiva desenvolvida nos
espaços virtuais: www.seppeja.blogspot.com
e seppeja@yahoogrupos.com.br, www.eja_no_codap.blogspot.com. Tudo
isso a considerar o desempenho e enfoque nas atividades de leitura e escrita
dos envolvidos, projeta-se uma formação docente e prática pedagógica baseada na
interdisciplinaridade, caracterizado pela interação de modelos e conceitos
complementares entre as diversas áreas do saber, exercitados a partir da
negociação entre seus pares, ancorados no que preceitua Santomé (1998) orienta-se
a referida ação formativa docente e promoção da escolarização de alunos na EJA.
Suas atividades indicam a interdisciplinaridade como ação da convergência entre
as áreas do conhecimento, buscando a interação teórica e operacional
consistente para que se estruture o trabalho pedagógico dos que pretendem a
promoção da intervenção pedagógica sobre a realidade social, além da
consideração á identidade cultural do público-alvo a que se destina. Segundo
Santomé (1998, p.42-43): “É necessário criar situações de ensino-aprendizagem
nas quais a relevância dos conteúdos culturais selecionados no currículo possa interagir
e propiciar processos de reconstrução junto com o que já existe nas estruturas
cognitivas dos alunos”. Assim se pode falar de aprendizagem significativa. O
que se exemplifica com o calendário de formação docente inicial e continuada,
desenvolvido até então:
Cronograma
de atividades – Formação Docente
Facilitadores:
Equipe Seppeja/UFS e convidados - Horário: 19:00 às 21:00, sempre às
sextas-feiras
Tema
|
Data
previstas
|
Facilitador
Responsável
|
|
1º semestre 2011
|
|
EJA
no universo da Diversidade
|
29.04
|
M.
Josefa de M. Almeida
|
Histórico/
Base legal da EJA
|
06.05
|
Giselma
Machado
|
Concepção
de Leitura e Escrita na EJA
|
13.05
|
Jeane
Andrade
|
O
sujeito da EJA
|
20.05
|
Genivaldo
Martires
|
Perfil do
docente para a EJA
|
27.05
|
Maria Josefa
de M. Almeida
|
Solicitação de
Proposta Curricular baseada num texto
|
03.06
|
Giselma
Machado
|
Leitura
e História na EJA
|
10.06
|
Genivaldo
Martires
|
Revisão de
abordagens
|
17.06
|
M. Josefa de
M. Almeida
|
Leitura e
Ciências Naturais e Biológicas na EJA
|
01/07
|
Adeline
Sales
|
Educação
Física e EJA
|
15
/07
|
Marilia
Menezes
|
Atividade
Avaliativa
|
17/07
|
Jeane
Andrade
|
|
2º
semestre 2011
|
|
História na EJA - Memória e identidade do sujeito
|
12.08
|
Marizete
Lucini
|
Leitura e meio
ambiente na EJA
|
19.08
|
Viviane
Almeida
|
Empreendedorismo
na EJA
|
26.08
|
Viviane
Marques
|
Dinâmicas de
Grupos para a EJA
|
02.09
|
Vilma Torres
|
Reflexões
sobre Metodologia para a EJA
|
09.09
|
Giselma
Machado
|
Matemática
Financeira Pessoal e Familiar
|
16.09
|
Amanda Marques
|
Reflexões
Metodológicas
|
23.09
|
Maria Josefa
de Menezes Almeida
|
Planejamento
para a EJA – oficina
|
30.09
|
Maria Josefa
de Menezes Almeida
|
Avaliação na
EJA – leitura e escrita
|
07.10
|
Maria Josefa
de Menezes Almeida
|
Saúde para a
EJA
|
14.10
|
Marcela Varjão
|
Cultura,
identidade e Luiz Gonzaga
|
21.10
|
José Augusto
de Almeida
|
Concepções
subjetivas do educador e suas implicações para a EJA – permitindo-nos ser
criança
|
04.11
|
Luiz Prado
|
Oficina de
Educação Ambiental para a EJA
|
28.10
|
Viviane
Almeida
|
Projetos
Práticos de Ciências para a EJA
|
18.11
|
Flávia Santos
|
Matemática na
EJA
|
25.11
|
Cristiane
Pereira Santos da Cruz
|
Ano letivo - 2012
Planejamento
para o ano letivo – reapresentação do projeto
|
03.03
|
Coordenação
Geral do Projeto
|
Leitura de Arte nas salas de EJA
|
09.03
|
Marcelo Uchoa
|
Nutrição e
saúde – como abordar em sala de aula na EJA
|
16.03
|
Nara Menezes
(nutricionista)
|
As ciências
sociais na sala de EJA
|
23.03
|
Alan Max
|
A psicologia e
questões de aprendizagem na EJA
|
30.03
|
Psicóloga
Daiana Alves
|
Avaliação do
Processo – partilha entre os estagiários voluntários
|
13.04
|
Jeane Andrade
|
Que avaliação
aplicar na EJA?
|
20.04
|
Laura Camila
Braz de Almeida
|
Acompanhamento
Pedagógico – produção acadêmica sobre a docência
|
27.04
|
Maria Josefa
de Menezes Almeida
|
Reflexões
Metodológicas para a EJA
|
04.05
|
Giselma
Machado
|
No
bojo das atividades do Curso: Aprofundando saberes na EJA, é possível
identificar tanto a ação de alfabetização e letramento inicial (turma 1), bem
como a elevação do nível de escolaridade (turma 2 e 3) reconhecendo as especificidades culturais e
do mundo do trabalho dos respectivos públicos atendidos já que sua proposta
pedagógica preocupa-se com a abordagem das tradições culturais ou identidade
cultural como elemento condutor na educação de jovens e adultos. Na execução
das respectivas ações, considera-se também a promoção da incursão ao universo
das Tecnologias de Comunicação e Informação - TIC na formação do docente e do
aluno da EJA a contar com recursos da internet e com ambientes colaborativos de
comunicação.
Nos
demais espaços formativos, desenvolver-se a perspectiva da aprendizagem
experimental e colaborativa a considerar os espaços culturais dos cursistas a
fim de facilitar sua adesão á proposta e sua respectiva participação. A
aprendizagem neste contexto entendida como um o desafio em todos os momentos
que a envolvem, visa à ampliação dos conhecimentos, habilidades e atitudes culturais.
Assim, exemplifica-se a adoção do modelo dialógico, ou da partilha de
experiências. Tal iniciativa assenta suas bases na implantação de um currículo
interdisciplinar e intercultural que terá como referência a interdisciplinaridade
e interculturalidade a partir de eixos temáticos e da centralidade em atividades
de leitura e escrita. Por isso, afirma-se não se trabalha a considerar a
convencional grade curricular através de disciplinas isoladas, mas se reafirma
o compromisso com um saber totalitário que pode ser partilhado através do
desenvolvimento das práticas de leitura e produção textual cujas preocupações
se descrevem nesta ordem:
ü 1ª
preocupação – letramento
ü 2ª
preocupação – leitura e escrita
ü 3ª
preocupação –desenvolvimento do caráter intersetorial da EJA – mundo do
trabalho, saúde e cultura.
Esta formação geral é apresentada
aos alunos da EJA através de quatro grandes áreas do conhecimento articuladas
entre si tanto nas discussões quanto na prática, constituindo uma totalidade:
sócio-histórica (História, Geografia, Filosofia e Sociologia),
sócio-químico-biológica (Ciências naturais e químico-biológicas),
lógica-matemática (Física e Matemática) e de Expressão Cultural (Português,
Línguas Estrangeiras e Arte). Os alunos participam de aulas que assumem o
compromisso com e desenvolvimento prioritário da leitura e da escrita, e
através de seu desenvolvimento, informações mais localizadas, restritas e
específicas a cada uma das áreas anteriormente indicadas.
No que tange ao concernente a cada
uma das respectivas áreas, os textos trabalhados a partir da metodologia
considerada interdisciplinar. Nessa perspectiva, o aluno é, verdadeiramente, sujeito
do processo educativo, ou seja, os conhecimentos e experiências que ele traz,
suas condições de aprendizagem, seus interesses, suas necessidades constituirão
ponto de partida para o estabelecimento do diálogo no cotidiano do espaço de
ensino-aprendizagem. Não obstante, os conteúdos disciplinares integram também
as temáticas propostas para estudos, mas não há um privilégio do campo
disciplinar na elaboração e desenvolvimento das atividades, já que o privilégio
é atribuído ás atividades de leitura e escrita em todas as áreas.
Tudo isso só é possível com a
negociação segundo Santomé (1998) e Yus (2002), o que para Aguado (2003),
expressa-se como prática intercultural: “ouvir o outro, dar-lhe espaço,
respeitar o seu ponto de vista”. Assumir a complexidade da realidade, segundo Morin
(1996). Assim, a interdisciplinaridade será um objetivo nunca completamente
alcançado, mas permanentemente buscado a partir de experiências reais de
trabalho em equipe. O que envolve conceitos como: imaginação, criatividade,
intuição e incerteza. Assumir a incerteza e trabalhar com a confiança de que se
está promovendo uma educação que faz bem, porque está fazendo o Bem,
parafraseando Bagno (1999).
Neste processo de formação docente,
indica-se também que o professor iniciante, estagiário voluntário, necessita da
presença de um monitoramento inicial e pontual através da presença e orientação
contínua do coordenador de atividades, para aprender a lidar com esta nova
forma de atuar no processo ensino-aprendizagem que se insere no âmbito da perspectiva intercultural no atendimento ao aspecto
da diversidade. Daí a concepção de formação continuada, ao longo do processo,
construída a várias mãos. Acompanhamento e avaliação sistemática.
Em
relação ao aluno da EJA, uma só é a orientação curricular que está sendo construída
ao longo do processo, de maneira flexível, mas respeitando o que determina a
Lei de Diretrizes e Bases (LBB): a presença de conceitos básicos de cada
disciplina obrigatória no contexto da Educação Fundamental que se expressam
através de objetivos a
serem alcançados tais como:
·
Compreender e usar
os sistemas simbólicos das diferentes linguagens para constituir significados,
expressão, comunicação e informação, bem como utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais, sabendo
adequá-los às circunstâncias da situação comunicativa que participam.
·
Proporcionar meios para que se
vivenciem as possibilidades de cada
linguagem artística, pela produção e desenvolvimento para ampliação do
repertório expressivo e capacidade de compreensão do mundo no aprofundamento de
todo tipo de linguagem.
·
Ler e compreender textos em língua
estrangeira e aprender esta língua como forma de interação cultural.
·
Entender as ciências sociais como
realização humana, epistemologicamente dinâmica e estruturada a partir de
princípios básicos capazes de proporcionar a construção do conhecimento de
forma reflexiva e distanciada de definições estanques, a fim de que se possa
compreender as concepções que regem a organização social e o mecanismo
evolutivo da sociedade.
·
Desenvolver o conhecimento
sócio-histórico a partir da formação crítica e entendimento de que todos,
independentemente da cor, do gênero e da classe social são sujeitos históricos
importantes no processo de construção da história, contribuindo para que se
aproprie dos elementos culturais produzidos pelo homem, ao longo de sua
caminhada histórica.
·
Desenvolver
capacidades comunicativas, na solução de problemas e tomadas de decisões, na
produção de inferências, através de conhecimentos e conceitos e procedimentos
matemáticos, bem o desenvolvimento da capacidade lógico - matemática para as
exigências da vida cotidiana, facilitando o raciocínio dedutivo,
desenvolvimento argumentações, reivindicações e tomada de decisões.
·
Proporcionar aos alunos
atividades pedagógicas que estimulem a curiosidade, criatividade e reflexão,
tendo como princípio básico a realidade cotidiana do aluno, possibilitando-lhes
uma melhor compreensão dos princípios biológicos, relativos ao funcionamento do
corpo humano, dos animais, plantas e demais seres vivos. Além de compreender os
mecanismos adaptativos e evolutivos das espécies, suas manifestações e
interações dentro dos ecossistemas presentes na biosfera, posicionando-se de
forma consciente e ética em defesa da vida.
Deste projeto, na interface com a
pesquisa, ainda fazem parte pesquisas sobre: a) perfil dos não alfabetizados e
das pessoas sem concluir o ensino fundamental, ainda existentes no estado, com
vistas a identificar as causas da evasão ou não acesso às políticas
educacionais; b) registro e estudo da memória oral e documental da EJA no
estado desenvolvidas neste processo, a exemplificar-se futuramente como
referência e memória da EJA neste estado e quiçá no país; c) aporte científico
do Pró-docência para a EJA contribuindo para a formação de educadores a fim de
atuarem na EJA futuramente sua ideia poderá ampliar o quadro do atendimento ao
anseio por formação docente. Para estes, considerar-se-á a metodologia de
trabalhos oriundos desta participação a partir dos enfoques qualitativos e
quantitativos dos dados coletados ao longo do processo desta pesquisa-ação a
gerar estudos que se expressarão através da elaboração de textos científicos
tais como: memoriais, ensaios, relatos de experiências e projetos, bem como
artigos para a publicação deste projeto em eventos de difusão científica acerca
da Educação de Jovens e Adultos.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O
referido projeto Pró-docência para a EJA (PIBIX/2011-2012/UFS) se desenvolve como
pontapé inicial no exercício da docência acompanhada de formação continuada,
promove-se o atendimento à reivindicação por formação de educadores para atuar
na educação de jovens e adultos no estado de Sergipe. Ao tempo em que com a formação
de turmas do Curso: Aprofundando saberes para a EJA, ações são desenvolvidas, voltadas
para a inclusão social nas suas mais diversas dimensões, visando aprofundar
ações políticas que venham fortalecer a institucionalização da extensão da UFS
em consonância com a formação docente do graduando dos quadros de suas
licenciaturas.
Em
consonância como o que orienta estudiosos tradicionalmente ligados às reflexões
sobre a EJA e suas especificidade, como meio de superação de uma prática educacional
nesta modalidade educativa, executada através de métodos utilizados
nas outras modalidades de ensino,
tenta-se nesta iniciativa, romper com este estado de acomodação pedagógica e
ousar trilhar por um novo caminho que está sendo ditado pela construção
coletiva de todos os que dela participam direta ou indiretamente (formadores
dos estagiários voluntários, idealizadores do projeto, alunos de EJA com os
quais se interage diariamente). Até mesmo, para responder com uma ação firme às
discussões relacionadas à necessidade de uma avaliação do sistema de ensino
formal, conforme Arroyo (2005, p. 44) afirma:
Superação
de estruturas e lógicas seletivas, hierárquicas, rígidas, gradeadas e disciplinares
de organizar e gerir os direitos ao conhecimento e à cultura é uma das áreas de
inovações tidas como inadiáveis. Nesse quadro de revisão institucional dos
sistemas escolares, torna-se uma exigência buscar outros parâmetros para
reconstruir a história da EJA. Se a organização dos sistemas de educação formal
está sendo revista e redefinida a partir dos
avanços da consciência dos direitos, a educação dos jovens-adultos tem de ser avaliada na perspectiva desses
avanços.
Assim,
acreditando e agindo a partir da admissão de que a EJA, pela sua especificidade,
é uma modalidade de ensino que deve ser pensada de forma diferente das outras
modalidades educacionais, realiza-se o Curso: “Aprofundando saberes na EJA”.
Nesta realização, os sujeitos da EJA que, nas ultimas décadas, tiveram o acesso
garantido nas políticas
educacionais, mas não tiveram a possibilidade
da permanência, isso devido a vários
fatores econômicos, sociais e culturais que interferiram direta ou
indiretamente no seu processo educativo formal, tem nova oportunidade que
respeita o seu tempo, a sua disponibilidade, as suas características culturais,
apresentando-lhe nova oportunidade de continuar seus estudos sem a coerção da
aceleração, da pressa, mas no respeito ao seu ritmo individual, reafirmando-lhe
a autoestima, enquanto lhe salienta que a sua educação se desenvolverá ao longo
da vida, sem pressa, mas sempre como um acréscimo a servir-lhe para a promoção
social, inserção, permanência ou avanço no mundo do trabalho, no
desenvolvimento cultural etc.
Neste
contexto, a formação do profissional da Educação de
Jovens, Adultos e Idosos, este é o novo público da EJA, cada
ver mais diverso por natureza, pode assumir-se
como importante fator para um possível
sucesso das políticas de acesso
e permanência nesta
modalidade de ensino,
pois pode representar o
elo entre as
políticas públicas para a sua promoção e
uma possível efetivação dessas na prática pedagógica do
professor que nela atua. É através da ação consciente deste educador que
já conta se conta com resultados parciais alcançados neste projeto.
Estes
resultados foram resgatados através de diversas técnicas e instrumentos de
avaliação para a promoção do monitoramento desta ação cujos resultados se
menciona a seguir:
1-
produção científica dos envolvidos na ação de formação docente para a EJA
a) elaboração de um projeto pedagógico de
intervenção local para a construção do currículo da EJA no estado de Sergipe;
b) elaboração de material didático
para a sua realização a ser publicado ao final de sua execução;
c) a aspiração à pesquisa
científico em torno do tema, uma grande carência em nosso meio através da elaboração
sistemática de memoriais descritivos da ação realizada por aqueles que nela
atuam cuja publicação se dará oportunamente;
d) apresentação da reflexão parcial
desta ação pedagógica realizada em eventos científicos em nível local: VI Eseb
– set/2011, III Seminário de formação docente para a EJA- dez/2011, Semana de
extensão –Unit/ mar/2012.
2-
Reflexos desta nova feição para a oferta de EJA em contexto escolar, resultados
da aplicação no Codap/UFS do Curso: “Aprofundando saberes na EJA”:
a)
êxito escolar - conceito
acima de 5,0 em instrumentos de avaliação elaborados a considerar o modelo da
Prova Brasil para cada nível de escolarização pretendida;
b)
acréscimo no
atendimento aos editais de chamada pública para ingresso – de 35 alunos no 2º
semestre de 2011, passando para 150 alunos no 1º semestre de 2012.
c)
prática da EJA a considerar a
intersetorialidade: 1) em relação à Saúde – exame oftalmológico no HU para
todos os alunos; exame nutricional acompanhado por nutricionista;
encaminhamento para atendimento a dependente químico; 2) em relação à cultura:
excursão cultural; visita ao cinema; visita a museus; visita a oceanário; 3) em
relação ao trabalho: oficinas profissionalizantes, palestras motivadoras para a
inserção no mundo do trabalho.
d)
envolvimento pessoal
dos alunos de EJA com a sua escolarização, com o seu desenvolvimento através de
nova concepção para o ato de estudar, sobre a escola.
REFERÊNCIAS:
AGUADO.
Tereza. Pedagogia Intercultural. Mc
grill. 2003
ALMEIDA,
M. J de Menezes Almeida. A pedagogia
intercultural na formação docente: aportes para a educação de jovens e adultos
em Sergipe. Tese de Doutorado, UAA, Paraguai, 2012.
ARROYO,
Miguel G. Educação de Jovens-Adultos: um campo de direitos e de
responsabilidade pública. In: Leôncio Soares;
Maria Amélia Giovanetti; Nilma Lino Gomes. (Org.) Diálogos na Educação de Jovens e Adultos. Belo Horizonte: Autêntica,
2005.
BAGNO,
M. Preconceito linguístico – o que é e
como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.
BRASIL.
Constituição brasileira. Texto
mimeografado, Brasília,1996.
BRASIL.
Lei de Diretrizes e bases para a
Educação brasileira. Brasília,1998.
BRASIL,
Proposta Curricular para a Educação de
Jovens e Adultos. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF,
2000.
DI PIERRO, Maria Clara. A educação de jovens e adultos no Brasil.
São Paulo, Ação Educativa, 2001. Disponível em: www.acaeducativca.org/relorealc.pdf
FREIRE,
Paulo. Pedagogia da Autonomia. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
HADDAD, Sérgio. Educação
de jovens e adultos no Brasil (1986-1998). Série Estado do
Conhecimento. Brasília, MEC/Inep/Comped, 2002.
IBGE. Analfabetismo: evolução no mundo. 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/alfabetizacao/evolucao.html.
LERNER, D. Leitura e escrita na escola: o real, o possível e o necessário.
Porto Alegre: Artmed, 2002.
MACHADO, M. M. (2007) A atualidade
do pensamento de Paulo Freire e as políticas de Educação de Jovens e Adultos. Conferência de abertura do IX ENEJA,
Pinhão/Faxinal do Céu/Paraná, setembro. Disponível em http://www.reveja.com.br.
MORIN, E. O problema epistemológico da
complexidade. Publicações Europa- América, 1996.
SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização
e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Editora Artes
Médicas Sul Ltda, 1998.
UNESCO, 2010. Conferência Internacional para a Educação de Adultos, Marco de
Belém, 2010.
YUS, Rafael. Educação
Integral: uma educação holística para o século XXI. Porto Alegre:
Artmed, 2002.
A EJA pode desempenhar um papel de grande importância na vida de pessoas que por alguma forma não pode se aplicar aos estudos. A busca por meios de ensino é fundamental para oferecer uma educação reparadora. Que possamos permanecer buscando novas alternativas.
ResponderExcluir